segunda-feira, 21 de setembro de 2009
O sofá de cada dia...
queria me desculpar sem que exatamente me coubesse uma culpa,
sem exatamente me eximir de culpa,
não importa de que modo...
ela vem aterrizando em meu ombro,
não é daquelas em que se é julgado sob a batida do martelo,
mas daquela mão trêmula que julga sabendo inocência.
me alivia por vezes saber que mão alguma abate o juízo de uma lei natural
me alivia mas me angustia não enxergar a diante dos olhos de agora.
vida maluca...
como eu ia dizendo... agendas, onde já se viu agendar horários e marcar tempo,
sempre vão haver imprevistos!
o tempo é o dono dos imprevistos...
ele vai marcando compromissos sem nos darmos conta
de repente como eu estou aprendendo agora com a fila do SUS,
(talvez seja uma comparação meio enfadonha...)
um monte de gente querendo tirar satisfações com os atraso médicos, falando em remarcar consulta por N motivos, quem esquece de agendar oficialmente e fica com a ilusão inútil da consulta, gente esperando despreocupado, e gente que adoece os nervos na espera...
previsões funcionam o tempo todo sob imprevisões.
calcular tempo é insano.
calcular tempo que nem se sabe se vem é mais insano ainda.
cada vez me mais me convenço que o agora é tudo que tenho.
a vida é um estranho processo de readaptação, resignificação, reanimação.
de súbito a gente leva um tombo
de súbito a gente quica no chão, pára em pé e salta o mais alto que pode...
pra depois de dois segundos pousar os pés no chão novamente...
andar dois ou tres passos, tentar subir dois ou três degraus... correr nas escadas e PAH!
de súbito a gente leva um tombo.
uma questão de exercitar as articulações, treinar flexibilidade
e simplesmente aceitar que tudo vai depender da capacidade de readaptação ao meio.
parece algo tão racional, frio e fora de alguma sensibilidade de artista,
talvez sim...
talvez questões de percepção...
nada no mundo é eterno... (o Casanova se empolgaria no papo do EFÊMERO...)
...e pq mesmo a gente pensa que perfeição rima com eternidade?
eternidade, me diga respeito quando tempo não precisar mais agenda de horários, datas, meses, anos e tudo isso que é feito pra programar o que está por vir.
nada vem.
eternidade é tudo aquilo que passou...
e que enquanto houver consciência de existência, será eterno em nossa memória
sim ou não?
as palavras mais curtas,
os tempo mais ínfimo,
o vento.
sentes?
conversavam hoje na aula sobre sexualidade. sexualidade pra lá sexualidade pra cá...
ouvi umas 10 vezes essa palavra em no maximo 5 frases curtas.
dane-se a tal palavra se o problema maior fica na abstração do que se sente.
lembrei disso por querer falar que as consequências sempre estão mais a mostra que as causas.
mas o que continua vivendo além de uma consequência é uma causa. a causa tem tempo de permanência suficiente pra em milésimos de segundo comandar uma vida.
a causa é a vontade.
a causa é o movimento por trás da ação.
a causa pode ser inexplicável, pode ser espontânea.
a causa é a força que move ou estagna.
sem causa não existe graça.
sem vontade não vale a pena.
a pena só vale se há causa.
já passam de cem vezes minhas mãos pressionando as fontes... não sei bem se na fonte do crânio busco a fonte do eu, ou fonte da Sophia... ou as duas numa.
Será que o Dr. Camargo trataria minha hipertensão?
mudança é inevitável. oque não significa ser simples, fácil, rápido ou prático.
sabe que o grande defeito do ser humano que me vem agora é o apego.
o apego à ilusão de uma eternidade, estabilidade e segurança que não existem na vida que possuímos.
apego acobertando o puro medo de conhecer o desconhecido, e querer guardar às sete chaves aquilo que acha que se conhece.
apego é querer posse vitalícia de algo que não é passivel disto.
quem garante oq que vou perguntar agora?
nem eu garanto... eu sequer quis perguntar alguma coisa.
tudo é uma grande maluquice... vai dizer que não concordas?
a vida é realmente irônica... se falares do defeito do teu colega agora, daqui cinco minutos irás te perceber mordendo a lingua com o mesmo problema...
não quero justificar uma ação de acomodação... mas sim de certa forma trabalhamos o tempo todo com nossa capacidade de encontrar o cômodo dentro de nós mesmos, que transforme um incômodo no sofá irresistível que nos bem acomoda num descansar sublime.
modelar a vida segundo o barro que nos é dado é tudo que se pode fazer pra ser feliz.
sei lá sei lá...
precisamos de toda essa maleabilidade, reflexão, flexibilidade, readaptação, improvisação, venturas e desventuras em série...
se não houver o estímulo na vida que nos dá o enigma que instiga nosso ir de encontro, ou à caça de solução... então daí sim é o caos.
o caos é nao ter vontade de achar saída.
sim... eu glorifico a vontade interior e os dias úteis.
a vida não é vida sem vontades.
a vida não é vida sem desejos.
e pra finalizar o que foi mais longe que o esperado...
em poucas palavras a conclusão de todo este dia foi:
todo ser é feito para oscilações de humor e comportamento, cada reação é uma interpretação das coisas que readaptamos para nós... alterações são UÓ! que bom os desanimos e ânimos repentinos... a condição perpétua de transitoriedade é nossa única condição perpétua a ser vivenciada.
todo início é um parto.
todo fim é um parto.
todo meio é o agora.
Naluah
(toda palavra é carregada de um vazio cheio de sentido.)
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Um comentário:
eu não sei se gosto ou não gosto do jeito que tu escreve.
é bagunçado, confuso, começa numa coisa e muda para outra e outra e depois não se sabe mais se ainda está se falando da primeira, se uma ideia chega a completar a outra.
Por outro lado, é exatamente isso, combina muito contigo, nem parece com escritas mas um registro integro dos pensamentos, onde a tua opinião pessoal é muito forte e ainda tem uma poética, um meio trabalhado na linguagem muito legal. Sem falar que escrever desse jeito tem tudo a ver com este texto...
o problema é a digestão disso tudo, eu acredito que concordo com praticamente tudo, mas passou tudo queimando pela minha cabeça... e como a minha cabeça já tem se inflamado ultimamente, uma coisa se junta a outra e entra em uma grande combustão espontânea... enfim, deixo isso para o fim.
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