terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O sinônimo de "Estou Cheia", no modo gentil e educado de expressar-se após comer como um boi pela perna. E do sinônimo ao antônimo. E vice-versa.

A vontade que eu tinha não era definitivamente ter vindo aqui escrever...
Me dei conta enquanto eu estava escovando os dentes de que a minha vontade de escovar os dentes tinha sido efetiva há pelo menos duas horas atrás, quando coloquei pasta na escova e a deixei esperando em cima da mesa de desenho pra ir até a cozinha me certificar que não queria realmente comer algo antes de escová-los, mas sentei-me na cadeira e assisti tv. Enquanto assistia tv dei-me conta que eu queria mesmo era estar vendo um filme que aluguei, então levantei da cadeira tirei uma panela do armário e fui fazer brigadeiro. Ao decidir assistir o filme liguei pra casa pra conversar com meus pais, enquanto minha mãe falava eu assistia o início do filme, quando desliguei o telefone quis estar do lado de alguém que sinto saudades, e fui me desligando do mundo, me desligando e parei o filme já que a cama é o melhor lugar pra se dormir, mas antes eu “precisava” desligar o computador, e antes de desligá-lo comecei a ver fotos antigas, e de repente dei um pulo entusiasmado, pois inspirei-me a desenhar. Antes de desenhar peguei minha escova de dentes empastada que havia deixado em cima da mesa e corri para o banheiro fazer xixi, enquanto fazia xixi tive idéias que quis anotar, e as idéias iam se sobrepondo, se sobrepondo, e enquanto eu esquecia as anteriores, escovava meus dentes e pressentia a ironia me olhando. Minha vontade agora era escrever. Quando pensei que iria vir escrever, sequei as mãos lentamente dando tempo de ver meu rosto no espelho, e minha velha mania me segurou ali e fiquei em frente ao espelho apontando defeitos... quando eu enxi o saco de mim mesma adiando as coisas percebi que apesar de tudo eu já nem precisava estar aqui, pois quando vi eu já estava, e antes que eu pudesse querer tocar violão ou fazer abdominais ou procurar a tarraxinha do brinco que perdi ano passado, e esquecer tudo de novo me previni de mim mesma... e mesmo a minha vontade de agora, talvez, ser fazer tudo no tempo contrário do tempo em que penso, não é. Afinal me pergunto se será que depois eu faria tudo aquilo que não penso em fazer agora... e foi assim que me senti meio obrigada a parar com meu inicio de tormento mental que começava a se expandir essa noite... mas de um modo ou de outro não podia a noite terminar diferente das mesmas questões de sempre. E sem querer querendo num fundo um pouco mais profundo que consciente...
sem querer,
querendo,
sem saber,
sabendo...
Quis saber,
quis querer,
querer, saber, viver... por um TRIZ.



Naluah
(além de tudo aquilo que não sei dizer inversamente desproporcional e ao contrário)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Passei o dia juntando pó,
Procurando nos cantos,e quinas...
encima, embaixo da cama,
no meio de livros, entre os vãos na parede,
sacudindo as roupas, as pulgas, os seres
farejando meus pedaços pequenos, mortos, escondidos
Tossindo a última pá de poeira do ano

Um vento veio assobiando na janela do quarto,
A poeira grudava o chão ao teto,
Nesse teto do quarto, num quarto de tempo,
As últimas poeiras amontoadas na pá,
Viraram de ponta cabeça,
Pro vento soprar lá pra fora,
Levar meu cabelo enozado embora.

A poeira estranha aonde moro,
Quem junta meu pé com meu pó, vai chamar agora,
Pára a pá! Pá de poeira acumulada,
Pararará minha faxina de ano novo,
Que a Tentativa vem já... e é minha empregada de limpar a alma.



Naluah
(férias)
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