terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Avulsos
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Sonho que se sonha só...
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Quando Nietzsche chorou / Diálogos
Como confirmar uma verdade?
Estou grávido. Aqui dentro(cabeça). Minhas dores de cabeça são as dores do parto do meu novo livro. (A comparação a Zaratustra(incompreensão))
Nietzsche : está falando de sexo doutor? Para mim, um lampejo de prazer bestial, segue-se a horas de auto-aversão. Tais prazeres gregários não são para mim.
Sempre que tentei construir uma ponte para os outros fui traído. Primeiro foi o compositor Richard Wagner, sofri por causa dele. Depois minha melhor amiga, como essa mulher.
Nietzsche: A motivação humana é muito mais complexa. Qual sua motivação?
Freud: Não seria integração o que buscamos? Integração do consciente com o inconsciente.
Niesztche sobre o Dr. Breuer: 1 sofre de infelicidade generalizada
2 invadido por pensamentos hostis.
3 auto-aversão
4 medo de envelhecer
5 medo de morrer
6 tendencias suicidas
Algo mais?
Dr . Breuer: Sinto-me totalmente distante de minha esposa. Preso num mundo não escolhido por mim. (comentário de Nietzsche) Sinto incomodado com você.
Nietzsche: é a minha tarefa.
Dr. Breuer: (conta sobre o caso Ana O’ e sua paixão por Bertha. E fala de sua culpa)
Nietzsche: Você é responsável por todos os seus pensamentos e ações. Mas ela por causa da chamada “doença”... ela fica exonerada de tudo. Quem prejudicou quem?Quem debilitou quem? Esta incapacitada Bertha como vc a chamou não tem mais poder sobre você?
Nietzsche em pensamento: Breuer é uma mistura curiosa, inteligente porém cego, sincero porém corrompido. Está possuído por uma muher que o despedaça e ele lhe lambe as presas ensangüentadas.
Sonho de breuer com o cisne o lago, o relógio, bertha, nietzsche, tempestade repentina.
Nietzsche: Não faço objeção ao sexo. Detesto homens que imploram por isso que se entregam a uma mulher ardilosa que trasnformam a luxúria deles no poder delas. (Luxúria é parte da vida: Dr. Breuer) Nada deve interferir no desenvolvimento do seu herói interior. Se a luxúria se interpõe supere-a!
Opte entre conforto e verdade? (eles se excluem mutuamente?: Breuer) Se opatar pelo prazer do crecimento prepare-se para sofrer. Quer menos dor? Vá ! seja parte da massa.
(Deitado para evocar lembranças...) Feche seus Olhos. Vamos imaginar um pico de montanha nevado vemos um homenzinho arrastando-se para o cume. Ele está examinando o horror da sua existência. Encontrando as mandíbulas devoradoras do tempo. Isso é arrasador. Sua insignificncia, essa mera partícula que ele é. Agora seu medo se torna tão bruto que ele deseja a luxúria em sua mente. Ele olha para este precipício e começa a passar seu tempo relembrando esses milagres como sua querida e incapacitada Bertha insinuando-se. E sua mente que foi feita para nobres idéias agora fica repleta de lixo. E é como ele está hoje. Está remexendo no lixo de Bertha como se ele contivesse a resposta para suas preces. Oque acha deste homem?
(o rapaz das infinitas promessas) E então atingiu suas metas? (Sim) Está satisfeito? (Não) como escolheu suas metas? (Metas são parte de minha cultura. Não, nunca escolhi minhas metas. Elas eram como um acidente.) Mesmo assim, não se apropriar de suas metas é exatamente isso... Deixar que sua vida seja um acidente.
A morte é irreversível. Conforme a morte se aproxima, aumenta o valor da vida. Você deve aprender a dizer sim a cada minuto da vida. Seja impetuoso, um livre pensador. Supere suas limitações.
Breuer: Suponho que todos os homens sofram de paixão.
Nietzsche: sim. Goethe: "Seja homem. Não me siga, mas só a si mesmo."
Os Dez insultos no café da manhã. Vá embora! Eu a odeio!
Como seria sua vida ser Bertha não existisse?
(A vida não teria cor. Tudo estaria decidido. Esta maleta médica, estas roupas pretas. Sou um cientista embora a ciencia não tenha cor. Preciso de paixão.Preciso de magia.É isso que Bertha representa. Uma vida sem paixão e sem mistério. Quem consegue viver assim?)
Se é atraído pelo mistério, é atraído pelo perigo.(Mas odeio perigo.Vivo com cautela.) Viver com cautela é perigoso. (Talvez Bertha represente meu desejo de escapar dessa vida segura,da armadilha do tempo). Tempo é um fardo. O maior desafio é viver apesar disso.
Porque me mostra isso (foto de Bertha) (Pq ela tem uma mistura de lábios, olhos e seios, que lhe dão poderes quase sobre-humanos.) Poderes de fazer oq? (Quando estou com ela sinto que estou no centro de um ordenado e tranqüilo universo. Um lugar onde não há perguntas sobre a vida, nem propósitos. Como andar nas nuvens. Os olhos dela reluzem e dizem “Josef você é encantador”. E nesse momento eu sou. )
Nietzsche: Nos apaixonamos mais pelo desejo que o desejado.
As lembranças de infância no túmulo: a mãe de Breuer, Bertha.
Nietszche: Sua obsessão por Bertha nunca foi por causa de Bertha. Quem estava no caixão nos seus sonhos? Quem o impede de cair para sua morte (A mãe de Breuer.)
Devemos morrer. Mas na hora certa. A morte só não é aterrorizante quando a vida já se consumou. Consumou sua vida? (Eu já consegui mtas coisas) Mas aproveitou a vida? Ou se deixou levar por ela? Você esta fora de sua vida sofrendo por uma vida que nunca teve? (Não posso mudar minha vida. É tarde demais.)
Não posso lhe dizer como viver de outra forma. Viveria segundo o plano de outra pessoa. Mas talvez possa lhe dar um presente , Josef. Eu poderia lhe dar um pensamento. Se um demônio lhe disse que esta vida, da forma como vive e viveu no passado você teria de vivê-la de novo porém inúmeras vezes mais. Não haverá nada novo nela. Cada dor, cada alegria, cada coisa minúscula ou grandiosa retornaria para você, a mesma sucessão, a mesma sequencia várias vezes, como uma ampulheta do tempo. Imagine o infinito. Considere a possibilidade de que cada ato que escolher escolherá para sempre. Então, toda vida não-vivida permaneceria dentro de você. Não-vivida. Por toda eternidade. Gosta dessa idéia? (Eu a detesto. A única coisa que amo em minha vida é pensar que cumpri meus deveres com minha esposa e meus filhos.) Deveres? Seus deveres são um pretexto. É a cortina atrás da qual se esconde. Para formar seus filhos primeiro tem de se formar. E é melhor libertar sua esposa desta prisão em que estão do que ser destruído pela mesma.
Freud faz regressão no Dr. Breuer e ele redireciona os caminhos. Quando retorna da experiência da regressão se dá conta de estar tomando uma atitude errada frente a sua vida.
Confissões entre Nietzsche e Dr breuer...
Você tem sua familia e eu minhas pretensões... meu modo secreto de suportar a solidão. Mas eu a glorifico não? E não quero morrer sozinho. Não quero que meu corpo seja descoberto pelo fedor. Lou abrandou esse medo meu por um tempo. Mas você tem razão. Que ilusão! Minhas lágrimas diriam que "Estamos livres. Ele nunca nos deixou sair, até o Dr. Breuer abrir o porão."As lágrimas não são de tristeza. É um alívio.
É a primeira vez que revelo minha solidão. Está se dissolvendo. Está se dissipando. O paradoxo.
Diálogos encontrados no Filme: Quando Nietzsche Chorou, 2007, dirigido por Pinchas Perry
Filme baseado no romance de Irvin D. Yalon, 1992
Naluah
(registro geral)
sábado, 5 de fevereiro de 2011
A presidenta...
por Elaine Tavares (jornalista)
Sempre admirei as mulheres valentes e ainda me arrepio ao lembrar Micaela Bastidas, vendo seus filhos e seu marido serem esquartejados, impávida, sabendo que havia feito a coisa certa: lutar pela liberdade, contra o colonialismo, pela sua terra e pelo direito de ser quem era. Encanta-me a história de Juana Azurduy, espada em punho, lutando pela libertação desta “nuestra América”, encurralada, com seus filhos nos braços, sem nenhuma vacilação. Ou ainda Bartolina Sisa, comandando as tropas aymaras no cerco a
Poderia ainda citar outras tantas que, nestas terras de Abya Yala, mostraram seu valor, entregando a vida para construir um mundo novo, que garantisse a liberdade e a soberania popular. Mulheres guerreiras que simplesmente foram à luta sem reivindicar diferença de gênero, porque o que estava em jogo era o futuro das gentes e isso era tudo o que importava. E foi porque me criei ouvindo estas histórias que nunca fui muito afeita a esse debate feminista. Desde pequena, nas planuras da fronteira, as mulheres da minha vida, poderosas, estavam muito mais para Ana Terra que para Bibiana. Sempre prenhas de minuano e horizontes, as mulheres da minha infância empunhavam armas, corcoveavam nos cavalos bravios, banhavam-se nuas nas sangas, dormiam com seus homens na campina, disputavam carreira, queda de braço, tomavam caçacha e ainda lavavam roupa e faziam comida, com o palheiro acesso entre os lábios e aquele olhar de picardia.
Digo isso para alertar sobre o fato de que termos agora a primeira mulher presidente não quer dizer muita coisa. Porque antes de tudo é preciso saber: que projeto de país tem essa mulher? Que propostas têm para a educação, a saúde? Que modelo econômico vai defender? Com que valentia vai enfrentar a oligarquia agrária? Como vai enfrentar o tema dos povos originários? Até onde vai ceder diante da pressão das transnacionais? O quanto vai efetivamente tornar real o serviço público capaz de atender as demandas concretas da população? Assim, o fato de ser mulher não a torna especial. O que a fará única e “imorrível” é o caminho que vai trilhar. Basta lembrar Margareth Thatcher, a dama de ferro, mulher. E aí? Qual o seu legado para a Inglaterra? Para quem governou? Quem não se lembra da lenta e cruel destruição da categoria dos mineiros?
Dilma Rousseff tem uma linda história. É, sem dúvida, uma guerreira. Passou pela luta contra a ditadura, foi presa, torturada e tudo o mais do pacote básico das violentas ditaduras desta nossa América. Sobreviveu não só no que diz respeito à vida mesma, mas também na capacidade de superar e constituir uma bonita carreira profissional e política. Mas, no governo de Luis Inácio, foi “a mãe” do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que, muitas vezes, mal planejado e eleitoreiro, não cumpriu com a sua promessa de melhorar a vida das gentes. Um exemplo da minha aldeia: aqui, no bairro Campeche, o PAC financiou a construção de uma rede coletora de esgoto. Isso é bom. Mas a proposta que tem para o destino final é a construção de um emissário que leve os dejetos todos para o mar, poluindo e destruindo a natureza. Que crescimento isso acelerou? Também foi ela quem ajudou a derrubar os “entraves ambientais” para a construção de grandes usinas, comprovadamente nocivas ao meio ambiente e as gentes. Isso foi ruim, muito ruim. Que o digam as gentes ribeirinhas e os povos indígenas.
Agora ela aí está. Competente, séria, dedicada, criatura do Lula, a quem agradeceu emocionada no seu discurso de posse. “Sou uma mulher de esquerda”, declarou em uma entrevista. “Vou governar para todos”, insistiu na sua fala à nação pouco depois de eleita, e deu bastante ênfase a idéia de desenvolvimento, fazendo crer que o Brasil pode entrar para o seleto clube dos países centrais. Mas, é isso que se quer? Ser “desenvolvido” como a Inglaterra, os Estados Unidos, a França? Ser predador, explorador, imperialista? Há que ver qual é a estação final a qual Dilma quer chegar.
Os oito anos de Luis Inácio foram anos de bonança para a elite nacional. Nunca os ricos ganharam tanto, nunca os bancos ganharam tanto, nunca os latifundiários ganharam tanto. O próprio Luis Inácio admitiu isso em um de seus discursos. É fato que os pobres tiveram um quinhão do bolo, mas, vamos combinar, um pequeno quinhão. O bolsa família deu sobrevida a uma gente que definhava, mais ainda não lhes apontou o caminho da libertação. Criaram-se 14 novas universidades, que ainda patinam na qualidade. Com o Reuni, deu-se muita grana para as escolas privadas, embora isso garantisse vaga para alunos carentes. Então, não dá para negar que houve alguns avanços, mas sempre se reivindicou que era preciso mais. Muito mais.
Hoje, na senda neodesenvolvimentista apregoada por Dilma, estão encerradas as promessas de crescimento econômico e social, o que parece coisa boa. Mas, talvez falte ao governo explicar a custa do quê isso pode acontecer. Se antes o chamado desenvolvimento estava bloqueado pela dívida externa, hoje, sendo o Brasil periferia e dependente, esse tal desenvolvimento só pode chegar com o sacrifício da maioria, os mais pobres. E sempre tem sido assim. Desenvolvem-se os mais ricos, recorrentemente.
Dilma falou em diminuir a diferença entre os mais ricos e os mais pobres, em acabar com a miséria, com a cracolândia, com o atraso. Promessas grandiosas que serão cobradas. Mas, na queda de braço com a elite nacional é que se poderá ver até onde vai a posição de esquerda da nova presidente. Existe aí um grande desafio que não será vencido sem uma mudança radical na proposta de organização da vida. O desenvolvimento sonhado não pode ser o mesmo dos países centrais. Há que se avançar para uma proposta nacional popular, capaz de realmente garantir a participação popular efetiva e protagônica. Sem a soberania do povo os avanços serão pífios.
Enfim, aí está a nova presidenta, uma mulher que “sim, pode”. Mas, feminina ou não, sua proposta de governo estará sob as luzes, e a nós cabe acompanhar. Sabemos que na composição PT/PMDB não deve haver espaço para o avanço no rumo do socialismo. O que se pode esperar são algumas reformas, e muitas delas serão contra as gentes, como a anunciada nova reforma da previdência, cuja versão européia está levando milhões às ruas no velho continente. Isso significa que não há tempo para esmorecer na luta por outra forma de viver. A luta das gentes segue e seguirá até que se construa, coletiva e conscientemente, a nova sociedade.
Naluah
(registrado)