sexta-feira, 24 de setembro de 2010

05:38

Minha pilha não acaba.

Naluah
(empilhada)

domingo, 12 de setembro de 2010

Kant: A dessubstancialização do corpo e da alma

Do ponto de vista dos grandes pensadores da história da filosofia, o alemão Immanuel Kant (1724-1804) se situa na fronteira de uma nova época. Crítica da Razão Pura de 1781. Kant analisa o conceito de corpo tanto em seu aspecto físico quanto fenomenal. Por um lado, a noção de corpo físico deve ter uma conotação científica natural que envolve todos os objetos materiais; por outro trata-se de abordar o corpo humano. A noção de corpo físico deve ser distinguida da noção herdada pela tradição cartesiana e aristotélica. Quanto a análise do corpo humano ela parte dos resultados da analítica que limita o conhecimento humano àquilo que pode ser aprendido pelo sujeito do conhecimento através das formas a priori do espaço, do tempo e das categorias de entendimento. O problema da união da alma e do corpo e o problema da localização anatômica não tem resposta. Para Kant eles estão fora do conhecimento humano. Ao afastar os dogmatismos que consideram a alma e o corpo como seres em si, isto é, subtâncias, Kant não se pergunta como é possível a relação entre essas duas substâncias, a substância extensa (objeto ou corpo) e a substância pensante (sujeito ou alma). Ele quer saber como se dá para o sujeito do conhecimento as relações entre os dados do sentido externo (o espaço) e os dados do sentido interno (o tempo). É por meio do espaço que representamos os objetos fora de nós, assim como é por meio do tempo que temos a intuição de nós mesmos. O eu pensante é um objeto do sentido interno e se chama alma, o objeto do sentido externo se chama corpo. Vem daí que a heterogeneidade que existe entre corpo e alma não seja substancial, mas fenomenal. Como os corpos são fenômenos não podemos conhecer seu substrato inteligível, ou melhor, não podemos conhecer a coisa em si, a qual é objeto da metafísica.
Kant dessubstancializa a alma e o corpo. Se trata agora de investigar a síntese operada pelo sujeito do conhecimento das representações do espaço e do tempo. Resta que não tem sentido dizer que a alma possui sede no espaço, se alma não é nem extensa nem espacial, podemos compreender por que a filosofia critica qualquer hipótese concernente a sua localização.
A presença da alma em um órgão do corpo não é real ou local; ela é de ordem dinâmica e designa o lugar de uma atividade. O lugar do sujeito pensante no interior do mundo sensível é precisamente o espaço de seu corpo. É o próprio lugar no qual o homem tem um ponto de vista no interior do mundo sensível, o qual condiciona radicalmente as possibilidades de seus conhecimentos. Kant não rejeita a possibilidade de uma matéria em si fora do sujeito do conhecimento, porém, não podemos conhecê-la. Tanto a pretensão de conhecer algo material que não seja de modo fenomenal, quanto a hipótese da substancialidade da alma são desprovidas de interesse. A alma não pode ser conhecida como coisa em si, ela não pode ser reduzida a um objeto da experiência fenomenal. Para conhecer o corpo é preciso partir da experiência.
A filosofia Kantiana nos ensinou, que por um lado, temos o objeto do conhecimento, e por outro, o princípio desse conhecimento, o sujeito transcendental. Essa filosofia estabelece a existência de uma correlação que não pode ser quebrada entre o sujeito e o objeto do conhecimento; correlação que deixará marcas profundas na consideração daquilo que é o corpo. É verdade que o sujeito não é simples objeto, mas ele só pode apreender-se em meio aos objetos. Para que o sujeito possa se apreender é preciso que ele tenha um estatuto do objeto. Por um lado o sujeito da sentido a tudo, por outro, ele está no meio das coisas, ele é uma coisa. Essas duas faces do sujeito funcionam de modo paralelo. O sujeito seria portador de uma dupla caracterítica: ele é ao mesmo tempo empírico e transcendental.



CARDIM, Leandro Neves. Corpo. São Paulo: Globo, 2009 - (Coleção Filosofia Frente e Verso). Pg 47 a 50.



Naluah
(OBS: Com alguns cortes de repetições e outras palavras.)

sábado, 11 de setembro de 2010

Arte

As coisas imateriais me predem
nos prendem
nos prendem de um jeito que não nos desamarramos
nunca vamos nos desamarrar
me sinto assim
me sinto presa
tento mudar o pouco que posso perto de mim
pra ver se muda o que sinto
mas dentro segue o mesmo ruído
nada muda
ou muda
mas não permanece
nada permanece
isso me faz um bem,
e tão mal
o que muda me confunde de modo a querer mudar
o que permanece me afugenta de modo a querer mudar,
e me manda mudar de novo
cheia de ansiedades
de coisas que sigo correndo atrás
e corro delas,

me tapeio a cara podendo provar que posso uma reação firme
uma revolução imediata
que assim me torno menos leviana,
ou apenas mais densa na leviandade,
não sei de qual lado quero estar,
e sei que só um Deus é capaz de estar de todos, e de lado nenhum
também sei que não sou um,
então não sei o que espero,

o que me ressoa é mais uma realidade fútil e individual
uma lista de dúvidas com respostas que moram na linha do horizonte
daí me vem uma necessidade tão grande de voltar aquilo que lembra a mortalidade
aquilo tudo que me torna animal
tudo isso de instinto,
sair da toca e me jogar na imundice da rua
ser bixo, só bixo,
de me desvincular do antes e depois,
e minha sensação estranha de ser se torna merecida

só não posso ficar longe da arte
que dentro de mim é vil
me transtorna
me perturba
e não tenho paz,
que dentro de mim
ela me irrita
roga pragas
e gastrites
que dentro de mim se rebate de um lado pro outro
penso se fome
sede
se sexo
sono
se isolamento
nada disso
tudo me sana depois de liberta a arte
me alimento
bebo,
me dou,
me acalmo
me reintegro

Se presa em mim ela não me dá sossego
e torna a me arrancar pedaçinhos
me deixar sem água
me provocar
me deixar de cama
me trancar no quarto
até que eu não destranque ela de mim.

Me maltrata e gosta da minha agonia
não me deixa tempo pra curtir marasmos
e eu enlouqueço se ela não vem me buscar
me tirar da sensação vazia do dia normal
minha máquina de trasmutação espiritual.



Naluah
(ânsia)

Exagero

Atingir,
te atingir
Maldade,
pura maldade
Gosto,
sem gosto.

Muro,
Encima
Acima,
acima de mim,

Olho,
o olho que tudo vê,
Luzes,
as luzes da humanidade,
Pedidos,
Faróis,
Faro,

Buscar,
Deixar,
o lugar das encomendas,

Satisfação

Não satisfatório,
Refeitório,
Oratório,
Lavatório,
Predatório,

Interrogatório,
E sanatório.



Naluah
(me segura ou me abocanha)

Powered By Blogger