Então ela disse: "Tu não te reconheces mais sozinha..." e seguiu falando como se fosse frase qualquer, e eu não precisasse da pausa para deixar a frase ir se acalmando, se assentando no meu emaranhado raciocínio sobre os meus afetos. Os fetos e as coisas todas que afetam. Ação-reação: reflexo, pensamento, interação.
Eu precisei que ela dissesse de novo. Parei todos os outros sussuros da minha cabeça para ouvir apenas aquilo e me estarrecer novamente com a magnitude do simples.
Realmente acatei aquilo. Ao me afastar daqueles em que me reconheço, me descaracterizo e me perco, e não ativo em mim o dispositivo que me faz lembrar e usar meus guardados e aguardos.
Mas me sinto a caminho de novo. Se muito antes eu era aérea, pouco antes de agora passei pelo subterrâneo. Continuava a caminho, mas a terra me entrou nos olhos e já não tive certeza da direção.
Realmente acatei aquilo.
Já havia percebido sem dar-me exatamente por conta nessa clareza de palavras. Quando eu sem querer querendo quebrei o ciclo de trocas, as energias aguentaram apenas até o estado crítico de ser sem reservas, sem força nenhuma. Tive então algumas oportunidades de revida. Instabilidade. Eu já não controlava a existência da vontade, e havia desafiado meu limite de suportar. Estava inexpressiva ao rir e chorar pelo nada que eu sentia. E chorei e ri tantas vezes dentro desse nada.
Realmente acatei aquilo, acatei antes mesmo de ouvir.
No dia de ontem senti o fulgor de novo, a vivacidade do instante, que desde sempre eu amei. A vivacidade do instante a que não recuso estando no meu pleno bem estar. Me senti novamente no bem estar ao aceitar o convite do instante. Se o instante me convida como posso dizer não me leve? Me leve, leve.
Liberdade. Não sei se a própria liberdade nos permite, e nos visita as vezes, mas não é ela a quem eu me refiro. Eu falo apenas da sensação, sentir que aquilo que me sente, que me carrega nos braços quase que contra a vontade, se não fosse tão gostosa essa vontade que vem me carregar. Ela é minha sem ser posse, está em mim.
A paixão, a admiração e o desconhecido que vem me permitir sair cantando do meu dessenterro. Desenterrada e descravada da terra. Viva!
Acho que começei engatinhar de novo... já tenho vontade de correr, e correr mais rápido, e voar, absorvendo a energia boa de todo gasto de boa energia.
Recomeçei a sonhar os vôos. A intensidade do instante e a vontade de espichar o tempo prolongando aquilo que há costurando naquilo que vem. Talvez um antídoto...
Sublimar o medo que vier podar, cortar e finalizar antes do fim.
Naluah
(enquanto é doce a vida... eu peco em gula)
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