segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

não tem mais oque fazer
o pavio já queimou
meu filho ta pra nascer
alegria me engana
a noite vem sossegada
e ao pé da minha cama
a angústia me espera
querendo entrar no meu sonho
sorrateira causar um soluço
imagino por onde mais correr
um jeito de saculejar e me libertar
e viajo na idéia de rir pra viver
rir ensandecidamente
ponto de fuga de um choro normal


não tem mais oq fazer
o pavio era curto e se acabou
todo começo é um parto
alegria e dor
dor no fundo do peito
divide meu corpo
divide meu ser em não ser
tristeza me rasga
num extravaso de mim
o desespero no violão
num sentimento assentido sem destino

não tem mais oque fazer
o pavio deu um curto
os filhos crescem
e a consciência diz o tempo todo
a gente é filho da mãe
tão forte e tão fraco
a fraqueza me destrói
viro bicho
reviro o lixo do meu sentimento
e se apenas um pouco mais bicho fosse
não sofreria tanto em comer o bicho
ele grita desgovernado
me espanca me lincha me estupra
dentro de mim
pra não avançar ninguém

não tem mais oque fazer
não existe pavio
não existe Papai Noel
não existe sombra
não existe água fresca
não existe arrego
não existe trégua
nem que eu vista bota sete léguas
o meu espinho tá cravado no pé
os filhos crescem
tentam ser bons
não existe bondade
não existe maldade
os antônimos são homônimos
a minha alegria minha tristeza
a tristeza motivo de riso.

Não tem oque fazer
Simplesmente não tem oque fazer
É tanto que fica por fazer
Tudo vai ficando pelo caminho
E no fim
Por bem ou mal se descobre
Quem foi ou não filho de Deus



Naluah
(o auge da dor)

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Despropósito

Despropósito
O cúmulo do absurdo
Ignorância risível
E sentenças averdalhadas que seguem a sinal verde e vão correndo por ruas e pobres bequinhos, passando por ouvidos espichados com seus donos de linguas bífidas vendendo versões piratas de verdades bestiais.
Avacalhada-se
Distorce-se aqui
Espicha-se alí
Atua-se num palco de esperteza e fingimento
E ZÁS, no desfecho o culpado vira vítima
É tudo tão simples e fácil
Gente de bem sempre nadando contra correnteza salgada pra ver se com seu própio suor a vida consegue adoçar
E gente em disparate fazendo de tudo pra quem tem um tapete, puxar
A ética num instante se veste do dom da convicção em gritos estúpidos e altos
E a gente que não quer baixeza, assim
Engolindo a verdade pra não brigar
Engolindo a raiva de ver quem a gente ama pagar quietinho oque não deve
E a gente fica sempre no passivo papel conciliador
Como se não sofresse uma gota do veneno bebido
Mas a gente sim é gente,
A gente é quem sente,
Sente pela gente e sente por saber que no mundo da gente, existe gente que mente,
Que mente e nem sente,
Mas o dia em que tanto veneno que se é obrigado a engolir vier de repente gerar nossa reação adversa,
Espero que alguém evite o vômito instantâneo na cara dum mal-feitor.



Naluah
(Inconformada. Exalando civilidade, engolindo indignação.)
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